Anais Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social

ISSN

2965-2499

A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) tem a satisfação de receber as/os participantes do XVI Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social (ENPESS), na cidade de Vitória-ES, de 2 a 7 de dezembro. Numa conjuntura que evidencia a pertinência do tema “EM TEMPOS DE RADICALIZAÇÃO DO CAPITAL, LUTAS, RESISTÊNCIAS E SERVIÇO SOCIAL”, preparamos um evento voltado para adensar coletivamente as análises e estratégias, para juntas/os continuarmos fortalecendo a direção do Serviço Social coerente com o projeto ético-político das quatro últimas décadas: de com - promisso da categoria com os interesses e demandas da classe trabalhadora. O tema escolhido envolve um conjunto de preocupações que vêm orientando tanto a formação e a produção do conhecimento na área, quanto os processos de intervenção profissional do Serviço Social e de áreas afins. Retrata a conjuntura de agudização das respostas da classe dominante e sua ofensiva ultra conservadora à crise capitalista e seus desdobramentos sobre a “questão social” no contexto atual, as quais vêm implicando severos ataques do capital sobre o trabalho na perspectiva de ampliar as taxas de lucro. Isso, consequentemente, implica em pressão para ampliação das condições de exploração pela via do ataque aos direitos sociais e marginalização e criminalização da pobreza e dos movimentos de lutas e resistências que negam este padrão perverso de acumulação capitalista. Os desdobramentos desta conjuntura apontam para o aprofundamento das formas de precarização estrutural do trabalho e dos meios de vida dos trabalhadores, aliada à destruição de direitos (como a reforma trabalhista e da previdência) advinda desde a entrada do neoliberalismo no Brasil nos anos 1990. Essa situação é acirrada a partir dos desafios conjunturais recentes, com uma nova onda conservadora de contrarreformas motivada pelo contexto pós-golpe de 2016, legitimado com o resultado fatídico das eleições estaduais e federal desse outubro de 2018. As violências física e simbólica têm se espalhado pelo país, com fortes processos que ameaçam a democracia e reforçam os traços fascistas. A intolerância e o preconceito se dirigem por meio de mensagens de ódio a gays, lésbicas, transexuais, travestis, negro(a)s, indígenas, nordestino(a)s. Tal empreitada visa a materialização de um projeto que promove mais ataques às/aos trabalhadoras/es, com um controle maior dos corpos e da moral e ataques às liberdades democráticas. As universidades têm sido um grande alvo dessa lógica que remonta a vigília ideológica das ditaduras, colocando em risco a liberdade da crítica e o ambiente de debates democráticos que, em regra, sempre per - meou o ambiente universitário. Vide o crescimento da adesão de segmentos sociais ao projeto da “escola sem partido”. Herdeiras/os da trajetória e das conquistas constituídas pela ABEPSS ao longo desses 70 anos, a atual gestão “QUEM É DE LUTA, RESISTE” possui dentre suas diretrizes orientadoras a defesa da universidade pública, gratuita, democrática, presencial, laica, de qualidade, socialmente referenciada e de acesso universal, articulando ensino, pesquisa e extensão. Diante dessa conjuntura de aumento da escalada da violência e do aumento da intolerância, esta XVI edição do ENPESS se coloca como um espaço de resistência. Esse evento tem como objetivo discutir o conjunto de determinações que perpassam a formação profissional frente ao processo de radicalização do capital, do neoconservadorismo e dos processos antidemocráticos que se acirram nos contextos nacional e internacional, exacerbando a tendência à mercantilização do ensino superior brasileiro. O ENPESS tem como objetivo também apontar as formas de resistências e estratégias de enfrentamento diante dos desafios que se põem para a reafirmação dos princípios e valores que orientam a formação e o trabalho profissional, a pesquisa e a produção de conhecimento na área. Por isso, devemos fazer deste um grande evento de resistência às incidências regressivas e perversas que penetram as relações de trabalho, os temas de pesquisa, as salas de aula de pós-graduação e graduação, e os espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social. Neste ano celebramos os 25 anos do Código de Ética da nossa profissão, justamente em um cenário de radicalização da exploração da força de trabalho, de retrocessos sociais e de aprofundamento da intervenção repressiva do Estado. Isso nos desafia a reafirmar os valores e princípios que nos orientam e que coadunam com uma concepção de formação e trabalho que defende a liberdade como valor ético central, “(...) na perspectiva da emancipação humana, a exemplo da plena expansão dos indivíduos sociais e da socialização da economia, da política e da cultura numa perspectiva de superação das desigualdades de classes” (BEHRING, 2013, 16). Seguimos para reafirmar nossa posição em defesa da liberdade, da diversidade, da pluralidade, das políticas sociais, dos direitos trabalhistas. E para isso estamos articulados com as entidades da categoria (conjunto CFESS/CRESS e ENESSO), com o ANDES-SN e associações de ensino e pesquisa de outras categorias profissionais, em defesa da educação pública, gratuita e universal, com os movimentos sociais e fóruns na resistência contra a intensificação do desmonte das políticas públicas, o autoritarismo institucional, a criminalização dos movimentos sociais e a barbárie do capital. Isso nos exige a análise crítica das possibilidades de lutas e resistências que a profissão deverá travar na defesa da direção social do projeto profissional. Esses debates serão realizados a partir de grandes conferências divididas em 04 mesas (abertura, mesas centrais e de encerramento), colóquios (de graduação, pós-graduação, saúde e grupos temáticos de pesquisa em seus respectivos eixos), apresentação de trabalhos (comunicações orais, pôsteres e mesas coordenadas), apresentações culturais que envolvem o “Samba da Dona Ivone” (em reconhecimento à mulher negra, assistente social que com rebeldia deixou sua marca na cultura brasileira, com seu samba de “sonhos” e “ousadia”), a 1ª Mostra Audiovisual que homenageia a vereadora carioca “Marielle Franco” e toda sua força política e simbólica de luta e resistência nesta conjuntura adversa e o fórum de supervisão de estágio.

A ABEPSS realizará, ainda, sua assembleia geral para prestação de contas, eleição e posse da nova diretoria da entidade para o biênio 2019-2020. Na certeza de contarmos com sua participação na construção desses debates, das lutas e do fortalecimento da ABEPSS, desejamos dias de muitas reflexões, trocas, afetos e de construção de novos caminhos para o Serviço Social que na luta, resiste!

Comissão Organizadora, ABEPSS Gestão

Quem é de luta, resiste!!