Neste ano de 2016 o Serviço Social brasileiro comemora 80 anos de profissão, enquanto a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) completa 70 anos de organização e atividades e as Diretrizes Curriculares que orientam a formação profissional completam 20 anos da sua aprovação pela categoria profissional. Este é, portanto, um ano de intensas comemorações, mas também de reafirmação do processo coletivo de construção da nossa profissão e, inclusive, de consolidação da direção crítica expressa no nosso Projeto Ético Político.

No estado de Santa Catarina nossa profissão foi inscrita primeiramente no âmbito do ensino público, na capital, através da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O avanço da profissão no interior do estado ocorreu pouco tempo depois, destacando-se a significativa contribuição das Universidades Comunitárias (UNOCHAPECÓ e FURB) e demais Instituições de Ensino Superior (IES) regionais. Resultado deste processo é a presença de assistentes sociais em todos os municípios do Estado, do litoral ao extremo-oeste; do sul, ao planalto serrano e planalto norte catarinense.

Em especial, reconhecemos que o Curso de Serviço Social da UNOCHAPECÓ tem sido o principal responsável na região oeste pela formação de profissionais críticos, atentos às realidades nacional, estadual, regionais e locais, competentes teórica-metodologicamente, técnico-operativamente e ético-politicamente. Estes profissionais, atuantes no âmbito do planejamento, implementação, execução e gestão das políticas sociais; na gestão pública; e, inclusive, no âmbito da docência em Serviço Social, contribuem efetivamente para a defesa intransigente dos direitos sociais, combatendo todas as formas de exploração, discriminação, preconceitos, opressões e violação de direitos, expressando o compromisso público da profissão com a sociedade catarinense e brasileira.

 Sabemos, as atuais conjunturas internacional e brasileira expressam crise de natureza política e econômica, que afetam as regiões, impactando nos orçamentos das IES públicas, privadas e, especialmente, comunitárias, uma vez diminuída a procura dos cursos e consequentemente as receitas com as mensalidades. Para muitas IES e, principalmente, para aquelas motivadas exclusivamente pela lucratividade na prestação dos serviços educacionais, uma das saídas financeiras tem sido a transformação dos cursos da modalidade presencial para a modalidade de ‘ensino à distância’ (EAD). A transformação de cursos tradicionais e qualificados, ou mesmo a criação de cursos de Serviço Social na modalidade EAD tem modificado o perfil profissional, comprometendo a formação e o trabalho profissional e ameaçando, consequentemente, a continuidade profissional com a qualidade e competência construídas coletivamente pelo Serviço Social brasileiro. Este cenário tem sido desafiador para a nossa profissão em todo Brasil.

Por estes motivos apresentados a V. Mag.ª sinteticamente – mas, também por outros que nos demandariam maior espaço para explanação –, manifestamos nosso contundente apoio ao curso de Serviço Social da UNOCHAPECÓ, no sentido da continuidade de oferta presencial.

Desse modo, a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) manifesta disponibilidade para que, conjuntamente com a UNOCHAPECÓ e o Sistema ACAFE, possamos construir coletivamente estratégias que contribuam para a continuidade do processo de formação presencial dessa profissão, que não tem apenas uma história a valorizar, mas o compromisso com o presente e o futuro da sociedade catarinense e brasileira.

Reiteramos nossos cumprimentos a V. Mag.ª, bem como o desejo de dialogarmos na direção do enfrentamento desse quadro crítico, a fim de garantir que a formação de assistentes sociais continue ocorrendo, de modo presencial, na região oeste catarinense, através da UNOCHAPECÓ.