No que diz respeito à questão quilombola, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada pelo DEM em 2004 questiona a regulamentação da titulação das terras quilombolas no país (decreto 4887/2003). Este partido se vale da ampliada ação da bancada ruralista e das grandes mineradoras que têm devastado o território nacional ambiental e socialmente, em função da posse da terra para ampliação da escala desenfreada de valor para o grande capital.
No que diz respeito à questão indígena, Ações Civis Originárias (ACO) vêm questionando desde os anos 80 o direito de comunidades indígenas a determinados territórios alegando o marco temporal da Constituição de 1988. Ou seja, exige-se comprovação de existência de comunidades indígenas em 5 de outubro de 1988 para a garantia do direito à demarcação. Contudo, trata-se de uma medida que desconsidera a espoliação que os povos indígenas vêm sofrendo ao longo de sua história, sendo retirados sob coerção e violência de terras que habitavam secularmente em nome de uma expansão econômica que privilegia igualmente, interesses financeiros internacionais e ruralistas.
A ADI e as ACOs objeto da nossa moção de repúdio encontram terreno fértil na atual conjuntura em que um governo golpista, em nome de “modernizar” o país, avança sobre os direitos dos trabalhadores e comunidades tradicionais que produzem riqueza, cultura e preservam nossos bens naturais. Inúmeros estudos comprovam que as comunidades já reconhecidas pela Fundação Palmares não têm ainda a regularização de suas terras. No caso dos indígenas, as terras já demarcadas podem ser revistas.
Nesse sentido, no caso da aprovação desta ADI, e do STF ser favorável à tese inconstitucional e anti-indígena do marco temporal, a sociedade brasileira corre o sério risco de retroceder no direito das comunidades quilombolas e indígenas, desconsiderando suas lutas, sua contribuição histórica na construção produtiva e cultural desse país. Entendemos que por trás dessa ofensiva há o interesse espúrio na espoliação dos povos tradicionais e expropriação de suas terras em prol de interesses fundiários que superexploram trabalhadores e degradam nosso ambiente.
Nossa entidade se mantém firme no compromisso com uma formação profissional que desvele os fundamentos da questão social brasileira na defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e comunidades camponesas e populações tradicionais. Com efeito, nesse mês de agosto em que o STF julgará tais ações jurídicas, subscrevemos a campanha #nenhumdireitoamenos, #nenhumquilomboamenos, #demarcacaoja e apelamos que o STF se posicione ao lado das nossas populações tradicionais. Clique aqui e assine a petição.
Executiva Nacional da ABEPSS e Grupo Temático de Pesquisa (GTP) – Questões agrária, urbana e ambiental e Serviço Social.
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