No Brasil, a abolição da escravidão ocorreu em 1888, mas as marcas da violência predominam até hoje. A sexta live do ABEPSS AO VIVO, que ocorreu em 4 de agosto, discutiu o racismo estrutural e suas expressões na sociedade brasileira, tendo como destaque a predominância dessas marcas de violência e uma análise com a conjuntura atual. O evento foi transmitido pelo YouTube e pelo Facebook da associação.
O debate foi conduzido por Ilidiana Diniz, que é professora da UFRN e membro do GTP Serviço Social, Relações de Exploração/Opressão de Gênero, Raça/Etnia, Sexualidades. Para a exposição do assunto, foram convidadas as professores Márcia Eurico, da UNIFESP da Baixada Santista (SP) e Janaiky Pereira, da UFERSA, Mossoró (RN).
Durante o encontro houve apresentação musical da cantora Bianca Cardial e recitação de poemas e textos com o professor da UFRJ Guilherme Almeida. Ambas intervenções traziam reflexões sobre o racismo, como na apresentação do poema Certidão de Óbito, de Conceição Evaristo (uma leitura dos antepassados).
As professoras trouxeram reflexões e questionamentos acerca da estrutura racista, de como as marcas escravistas estão presentes na sociedade, a exemplo da falta de proteção social para as pessoas negras, as violências física e simbólica, a falta de oportunidades no mercado de trabalho entre outras.
A professora Janaiky Pereira observou que é preciso fazer uma análise do racismo a partir de uma ótica de que é constitutivo da sociedade e não apenas de uma análise individual e moral das pessoas. "O racismo, assim como o patriarcado, ele é reproduzido nas diversas instâncias da sociedade, seja na educação, seja nas políticas públicas ou na ausência delas, são partes constitutivas da sociedade brasileira”, observou.
Como uma marca da era escravista presente na sociedade, Janaiky observou o exercício da maternidade pela mulher negra, que desde a era escravista a mulher negra não consegue exercê-la, tendo que deixar o filho muito cedo para poder trabalhar. Também trouxe como exemplos a negação e a ridicularização da cultura africana entre outras formas de violência.
Márcia Eurico também ressaltou os traços dessas marcas racistas. Conforme a docente, o país abandonou a escravidão (no momento da abolição) mas não as práticas escravistas, que são predominantes até hoje. Márcia também analisou a questão da exploração do trabalho e da divisão de classe, que é uma marca do capitalismo.
"No interior da classe, a gente tem diferença, e essas diferenças estão marcadas pelas relações patriarcais e relações raciais. A condição da população negra, escravizada, é uma condição degradante, porque essa população é considerada inferior ou não humana”, analisou.
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