Yago é um jovem de 18 anos, pessoa transgênero, não binário, estudante de Serviço Social da Unicentro, presidente do Centro Acadêmico de Serviço Social Elisabeth Soares dos Santos e militante do Levante Popular da Juventude.
De acordo com Yago, os ataques se intensificaram em outubro de 2023, no dia 4, quando adesivos de uma bandeira de orgulho transgênero foram cobertos por adesivos de grupos de direita. Na ocasião, o Centro Acadêmico de Serviço Social Elisabeth Soares dos Santos promoveu um ato político, no dia 11, repudiando a ação transfóbica, defendendo o acesso e permanência de pessoas trans e travestis na universidade.
Ao mesmo tempo, suásticas nazistas passaram a ser pichadas em diversos banheiros do campus. Em um deles, um banheiro masculino ao lado da Coordenadoria de Apoio ao Estudante (Coorae), foi escrita no início de dezembro uma ameaça de morte: “Yago Crema vai morrer”, era a mensagem ao lado da suástica.
“Não há câmeras no corredor. No dia 8 de dezembro fui ao Coorae e me orientaram a registrar o fato na Ouvidoria e anexar um boletim de ocorrência. Nessa mesma noite haviam escrito mais ameaças, como 'Yago Crema vai tomar bala de calibre 38'. Fiz o Boletim de Ocorrência acompanhado de um advogado”, explicou Yago.
Na segunda-feira, 11 de dezembro, foi realizado um ato em solidariedade ao estudante e de repúdio à transfobia organizado pelo Centro Acadêmico de Serviço Social. “Sou uma pessoa parda, transgênero não binária, a primeira pessoa do estado do Paraná a ter a certidão de gênero retificada com a identidade de gênero no local do sexo. Estar ocupando os espaços que tenho ocupado resultaram nisso, e eu não vou me retirar”, disse.
Além do Centro Acadêmico, Yago tem recebido apoio do Levante Popular da Juventude, de mandatos parlamentares e de companheiros/as/es de militância política.
Medidas urgentes
O professor André Henrique Mello Correa, docente do curso de Serviço Social da Unicentro, lembra que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo e que essas ameaças dentro da Universidade são graves. Ele enfatiza que elas são diretas contra uma pessoa trans, dentro de uma instituição e ao lado de inscrições de cunho nazista que já estavam sendo escritas há meses.
“A instituição precisa tomar medidas contundentes e concretas para procedimentos administrativos que identifiquem e responsabilizem as pessoas responsáveis. O Departamento de Serviço Social emitiu nota em solidariedade a Yago na qual também elenca um conjunto de demandas para que as ações necessárias sejam realizadas. Protocolamos na Ouvidoria e na Reitoria. São medidas e protocolos a serem adotados para proteger as pessoas e prevenir atos como os que estão acontecendo”, explicou André.
O professor acrescentou que no ato do dia 11 de dezembro houve a participação de partidos políticos, de outros cursos da Unicentro e de movimentos sociais. O objetivo foi dar visibilidade à pauta. “É urgente e necessário defender o óbvio considerando, inclusive, a direção ético-política da profissão contra todo e qualquer forma de preconceito, discriminação e opressão que, no limite, promovem a diminuição do humano e o desprezo pela vida”, concluiu.
Além do ato do dia 11 de dezembro, notas e outras formas de apoio foram publicizadas na defesa de Yago Crema e de todas as pessoas trans, em especial as que estão nas universidades. Clique e confira algumas delas a seguir.
Nota do Departamento de Serviço Social da Unicentro.
Nota do CA de Serviço Social UEPG.
Nota do Sindicato das/os Assistentes Sociais.
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