Entendemos que independentemente da classe, as mulheres sofrem com o patriarcado, a população negra sofre com o racismo,os/as LGBT sofrem com a homo/lesbo/transfobia, crianças, adolescente, jovens eidosos/as com preconceitos geracionais, todavia, essas opressões não se operam de forma indiferenciada ou mesmo isolada, mas correlacionadasentre si e mediadas pelas condições de classe a que cada um(a) pertence. Nesse sentido, entendemos que classe se faz presente em todas as relações sociais, mas outras relações sociais conformam condições diferenciadas para a própria exploração e opressão de classe. A condição geracional pode ser um elemento de vulnerabilidade face às manifestações de opressão decorrentes do modelo patriarcal, racista e homofóbico que marca os padrões societários vigentes.
A análise de classe – tão cara ao Serviço Social e indispensável para a compreensão do nosso objeto de intervenção profissional, a questão social – se orientada pela perspectiva de totalidade, ancorada no materialismo histórico e dialético, deve partir do entendimento de que as classes não são homogêneas, mas, estruturadas por relações de desigualdades, permeadas por antagonismos consolidados ao longo de uma história não apenas capitalista, mas racista, patriarcal, heterossexista e adultocêntrica que produz e reproduz discriminações, preconceitos, violências e violações de direitos.
Essa análise ganha maior importância em uma conjuntura marcada não apenas por conservadorismos, mas reacionarismos e fundamentalismos racistas, misóginos, homofóbicos, criminalizantes e genocidas da juventude negra e dos povos indígenas no Brasil. Acreditamos que a formação profissional de Serviço Social, deve está associada a uma consciência de classe antirracista, antipatriarcal e anti-heterossexista, assim como vinculada às lutas dos movimentos sociais (negras/os, indígena, feminista, LGBT e outros). Nessa perspectiva, é possível continuar avançando na renovação profissional, afirmando a liberdade como valor ético central, ampliando direitos e nos contrapondo a todas as formas de discriminação, opressão e exploração em defesa da emancipação humana. Para tanto, entendemos que essas temáticas não devem estar presentes em apenas um componente obrigatório, mas, em toda a formação profissional.
Dito isso, sugere-se:
– A inclusão, nos conteúdos curriculares obrigatórios,do debate sobre as relações sociais de classe, sexo/gênero, etnia/raça, sexualidade e geração de forma correlacional e transversal.
-A realização de, no mínimo, uma disciplina que tematize o Serviço Social e as relações de exploração/opressão de sexo/gênero, raça/etnia, geração e sexualidades, preferencialmente, antes da inserção da(o) estudante no campo de estágio. Aqui, ressaltamos, ainda, as Leis 10. 639/03 e 11645/2008, assim como a Resolução nº 01 do Conselho Nacional de Educação- CNE/MEC, no que diz respeito à incorporação obrigatória do tema sobre relações étnico raciais nos currículos.
– O estímulo à realização de debates, eventos, oficinas e seminários temáticos sobre as relações de exploração/opressão de sexo/gênero, raça/etnia, geração e sexualidades.
– Apoio aos movimentos sociais e espaços de lutas anticapitalistas, antirracista, antipatriarcal e anti-heterossexista, por meio de parcerias, projetos de extensão, pesquisa, entre outros.
– A promoção de espaços de estudos e pesquisas sobre o sistema capitalista-patriarcal-racista-heterossexista e adultocêntrico.
A ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social) convida você a se juntar a nós! Como membro, você terá a oportunidade de contribuir para o fortalecimento do ensino e da pesquisa em serviço social no Brasil.
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