Fernanda Izidio de Oliveira Cimino, especialista em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global, lembra que a mulher negra segue na base da pirâmide social e sofre a chamada dupla opressão, de gênero e de raça, e que o chamado feminismo branco não trata adequadamente dessas questões. “Acredito que o maior desafio é fazer com que esse olhar interseccional esteja presente nas políticas públicas, na divulgação das informações e no debate social”.
Para Fernanda, que também é autora de "Um manual para chamar de Nosso" (manual para promover a diversidade e a inclusão na educação, publicado no Portal Geledés), é importante ressaltar que sempre foi muito difícil avançar nas políticas públicas de proteção dos direitos das mulheres negras.
“Entretanto, desde 2018 houve uma significativa piora. A luta tem sido para manter os direitos já adquiridos, uma vez que o atual (des)governo não apenas viola direitos já garantidos como incita o ódio e a violência aos grupos historicamente oprimidos, incluindo as mulheres negras. Resistência é a arte mais antiga do nosso povo, que por 300 anos criou estratégias contra a escravização e extermínio dos corpos negros”, disse.
A conjuntura atual, com a extrema-direita no poder e o bolsonarismo povoando as subjetividades no Brasil, não é favorável, mas cada vez mais mulheres negras ocupam espaços, fazendo-se ouvir e escrevendo a história a partir de outra perspectiva. Fernanda Izidio de Oliveira Cimino, explica que esse movimento “promove o aumento da consciência racial e a construção de outras narrativas possíveis para as mulheres negras, principalmente para as novas gerações”.
Serviço Social
A formação em Serviço Social tem papel importante nesse processo e precisa se configurar como aliada das mulheres negras e suas pautas, reafirmando o compromisso ético-politico da Abepss. É indispensável lembrar e enfatizar esta data, além de chamar todas e todos à reflexão a partir dela considerando a dupla opressão (gênero e raça) que essas mulheres enfrentam e o apagamento dessa realidade nos mais variados espaços.
Assistentes sociais precisam estar preparadas/os para atuar a partir de uma leitura crítica da realidade, uma vez que estão na ponta das políticas públicas ofertadas à população. Sendo assim, precisam compreender o impacto da interseccionalidade na questão social para uma luta cotidiana anticapitalista e contra todas as suas formas de opressão.
A ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social) convida você a se juntar a nós! Como membro, você terá a oportunidade de contribuir para o fortalecimento do ensino e da pesquisa em serviço social no Brasil.
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