A ABEPSS realizou nos dias 12, 13 e 14 de dezembro de 2019, na PUC-Campinas, em São Paulo, sua Oficina Nacional. A representação das instituições de ensino foi ampla, com a participação de 44 unidades de formação acadêmica em Serviço Social de diversas partes do país. O tema desta edição foi “Projetos de Educação no Brasil: impactos do avanço do conservadorismo na formação e no trabalho da assistente social”. Entre os participantes, estavam profissionais e estudantes de Serviço Social de 18 estados e Distrito Federal. O evento contou, ainda, com a presença de profissionais e estudantes de outras áreas afins.
  
As atividades da Oficina Nacional foram iniciadas com uma mesa de abertura composta por representantes da ABEPSS, CFESS, CRESS-SP, ENESSO e Faculdade de Serviço Social da PUC-Campinas. Na sequência, foi iniciada a mesa “Projetos de Educação no Brasil: a moralização da vida social, disputas e enfrentamentos contemporâneos”. As/os palestrantes foram a professora dra. Eblin Farage (Andes-SN/UFF Niterói) e o professor dr. Roberto Leher (UFRJ).
 
As palestras promoveram uma análise acerca dos rebatimentos da crise econômica e política na educação brasileira, com apresentação de dados que demonstram o desmonte vivenciado pela política de educação. Diante dos dados apresentados, evidenciou-se  a necessidade de fortalecimento de um projeto de educação que confronte o conservadorismo e os interesses do mercado.
 
COLÓQUIOS E GTPs
 
No dia 13, ocorreram simultaneamente o “Colóquio Nacional de Pós-Graduação” e o “Colóquio Nacional de Graduação”. As/Os participantes promoveram um debate sobre os rebatimentos do conservadorismo na graduação, tendo como facilitadora a professora dra. Beatriz Abramides (PUC/SP), e na pós-graduação, com as professoras Joana Valente (Capes) e Elaine Behring (CNPq).
 
Ainda no dia 13, a ABEPSS realizou o Painel dos Grupos Temáticos de Pesquisa (GTPs), com a presença de representantes de todos os GTPs numa única mesa. As representações apresentaram um panorama das expressões do conservadorismo contemporâneo nas pesquisas relacionadas aos grupos temáticos. Foram apresentadas as tendências que integram os relatórios dos últimos Enpess e análises conjunturais da incidência do conservadorismo nas pesquisas dos GTPs.
 
O Painel recebeu as representações dos GTPs de Serviço Social: Fundamentos, Formação e Trabalho Profissional (dra. Yolanda Guerra); Trabalho, Questão Social e Serviço Social (dra. Ana Cristina de Oliveira); Questão Agrária, Urbana e Ambiental e Serviço Social (dra. Raquel Sant´Ana); Movimentos Sociais e Serviço Social (dra. Maria Clariça Guimarães); Serviço Social, Relações de Exploração/Opressão de Gênero, Raça/Etnia e Sexualidades (dra. Marcia Eurico); Geração, Classes Social e Serviço Social (dr. Rodrigo Lima); Ética, Direitos Humanos e Serviço Social (dr. Maurílio Mattos); e Política Social e Serviço Social (dra. Patrícia Mustafá).
 
CONSERVADORISMO E QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL
 
E as atividades do dia 13 não pararam por aí. À noite foi realizada a mesa “Particularidade sócio-histórica brasileira e questão étnico-racial: subsídios para a formação profissional”, tendo como conferencistas a professora dra. Marcia Eurico (FAPSS/SP), a professora dra. Maria Helena Elpídio (UFES), e a estudante de Serviço Social Paula Eduarda da Silva (UFMT). As conferências abordaram a maneira como os estudos sobre a formação brasileira ainda carecem de aprofundamento sobre as relações raciais. Foi apresentado um panorama sobre a aproximação tardia do Serviço Social brasileiro com a temática, considerando tanto as pesquisas, quanto as ações desencadeadas pelas entidades representativas da profissão (CFESS/CRESS/ABEPSS). A mesa foi marcada pela emoção demonstrada pelas conferencistas e pelas questões desafiadoras lançadas para a plenária e para o Serviço Social brasileiro.
 
Outra mesa foi realizada já no dia seguinte, 14 de dezembro. O tema foi “Conservadorismo: fundamentos e desafios ético-políticos no seu enfrentamento” debatido pelas/os professoras/es dr. Antonio Carlos Mazzeo (PUC-SP), e dra. Luciana Cantalice (UFPB/UFRN). As/Os palestrantes trataram dos fundamentos do conservadorismo e as diferenciações entre o conservadorismo clássico, conservadorismo moderno e neoconservadorismo. A exposição também abordou a herança conservadora do Serviço Social e os desafios que se colocam para a formação e trabalho profissional na atualidade.  As contradições que atravessam a realidade brasileira também se expressam no meio acadêmico, evidenciando a necessidade de autocrítica. A partir do debate explicitado nesta mesa, a gestão da ABEPSS deliberou pela publicação de uma NOTA. Clique aqui para conhecer.
 
Antes do final do evento, foi lançada a Campanha “Contra o conservadorismo defendo a profissão! O projeto ético-político é a direção!”. O objetivo é subsidiar as unidades de formação acadêmica na efetivação das diretrizes curriculares, assim como dialogar com a sociedade na valorização do patrimônio do Serviço Social brasileiro contra todas as formas de opressão, dominação e exploração. Em seguida, a presidente da ABEPSS, Esther Lemos, e a vice-presidente da Região Sul II, Fabiana Aparecida de Carvalho, encerraram as atividades da Oficina demarcando a qualidade dos conteúdos debatidos e agradecendo aos participantes.
 
Foram realizadas, também, como estratégia político-organizativa, as seguintes reuniões: dos editores dos periódicos da área, das seis regionais da ABEPSS, dos estudantes de graduação e dos estudantes de pós-graduação. Destaca-se a reunião da comissão organizadora do Projeto ABEPSS Itinerante planejado para ocorrer em 2020 com a seguinte temática: "Ética e Direitos Humanos: elementos para a crítica ao conservadorismo".
 
NÚMEROS
 
De um total de 497 inscrições, a Oficina Nacional contou com a presença de 166 participantes, de 18 estados e do Distrito Federal. Dentre os participantes, havia 107 assistentes sociais, 49 estudantes de Serviço Social e 10 profissionais e estudantes de áreas afins. Ao todo, estiveram representadas 44 unidades de formação acadêmica em Serviço Social no Brasil.
 
FÓRUNS
 
A Oficina Nacional da ABEPSS foi antecedida pela realização de outros dois eventos que adensaram a programação. Um deles foi a reunião do Fórum Nacional em defesa do trabalho e da formação profissional com qualidade em Serviço Social, com a presença de 96 participantes. Aconteceu, ainda, o Fórum Nacional de Estágio Supervisionado: 10 anos de Política Nacional de Estágio, alusivo ao documento aprovado pela Abepss em 2009. Com a participação de 114 participantes, o evento realizou um balanço da PNE e apontou estratégias para o fortalecimento da formação profissional com qualidade e crítica, tendo como facilitadora a professora dra. Elaine Behring (UERJ), que era presidente da ABEPSS na gestão em que o documento foi aprovado.

O fortalecimento destes dois espaços, através do "espraiamento" em todas as regiões do país, foi a diretriz estratégica afiançada entre os participantes representantes do conjunto CFESS/CRESS, ENESSO e ABEPSS. Além desta, a Campanha Nacional "Formação com qualidade é Educação com direitos prá você! Graduação em Serviço Social: só se for legal, crítica e ética" deverá ganhar o país no enfrentamento da precarização da formação e do trabalho profissional.