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Visibilidade Trans: confira o depoimento de três pessoas trans da área do Serviço Social

28/01/21 às 00:00
 
ABEPSS realizou as entrevistas com o objetivo de promover uma reflexão sobre a importância do debate acerca da identidade de gênero na área
 
No Dia Nacional da Visibilidade Trans (29 de janeiro), o mais importante é ouvir o que as pessoas trans têm a dizer. Por isso, a ABEPSS ouviu três pessoas trans da área do Serviço Social em conversas nas quais elas avaliaram a relação da visibilidade trans com a área de conhecimento e com a formação no cenário atual, assim como com as políticas sociais.
 
A data da visibilidade entrou para o calendário nacional de lutas desde 2004, ano em que um grupo de ativistas trans esteve no Congresso Nacional para reivindicar seus direitos e medidas de enfrentamento à transfobia.
 
Guilherme Almeida, homem trans, assistente social e professor da ESS/UFRJ destaca o atravessamento que o debate sobre a visibilidade trans tem no Ser Social. A orientação sexual e a identidade de gênero, explica Guilherme, estão relacionados com o acesso que as pessoas têm aos seus direitos, o que diz respeito à conquista ou à negação da cidadania a alguém.
 
“Sobretudo na sociedade capitalista, racializada e sexista, os estigmas associados ao sexo/gênero cooperam para privar os indivíduos do direito à vida através da política sexual e sustentam regimes políticos que privam milhões de pessoas do acesso a direitos básicos, pela propagação de preconceitos e mentiras”, disse.
 
Estratégico
 
Na direção do que Guilherme Almeida destacou, Cléo de Oliveira Souza, assistente social e assistente de Pesquisa Clínica Ini-Fiocruz, lembra do papel estratégico do Serviço Social para a visibilidade trans, uma vez que as/os profissionais da área trabalham junto aos indivíduos e com as expressões da Questão Social relacionadas à realidade desta população. Cléo, que é mulher trans, frisou que o debate na área e a interlocução com a sociedade faz avançar o processo de garantia de direitos para as pessoas trans.
 
“Quando falamos de direitos, podemos facilmente incluir a população LGBTQI+ nessa pauta. O Serviço Social, de forma interventiva, pode elucidar os cidadãos e a sociedade em prol da garantia de direitos e do acesso a serviços, pontos historicamente negados a essa população frente ao patriarcado e a uma sociedade conservadora, voltada apenas para os padrões heteronormativos, e que objetificam e demonizam seus corpos”, explicou.
 
O debate sobre a visibilidade trans na formação em Serviço Social foi apontado como fundamental por Thomas Cantaloupe Pontes Sarmento, acadêmico de Serviço Social na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e bolsista PIBIC. Homem trans, ele ressaltou que é preciso entender quais são as necessidades dos diferentes corpos sociais.
 
Thomas alertou que há grande desconhecimento entre as/os estudantes da área sobre a transsexualidade e que o debate contribui para que políticas públicas possam ser criadas e utilizadas de maneira adequada para o atendimento à população trans, contemplando as especificidades de cada indivíduo. “Levando em conta esse panorama de desconhecimento, me parece imprescindível que esse debate ganhe mais ênfase”, concluiu.
 
A ABEPSS convoca docentes, pesquisadores/as, assistentes sociais e estudantes a fortalecerem essa luta, que recebe destaque neste dia, na direção dos princípios do Projeto Ético-Político, articulada às demais lutas da classe trabalhadora, na direção da emancipação política, tendo como horizonte a emancipação humana.

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