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Povos indígenas ressignificam o mês de abril e promovem ações de resistência

19/04/21 às 00:00

No mês em que é lembrado no Brasil o chamado “dia do índio” (19 de abril), uma comemoração burguesa que esvazia lutas históricas, a data é ressignificada e ações de resistência dos povos indígenas marcam o período. Uma delas é o Acampamento Terra Livre (ATL) que neste ano tem a pandemia de Covid-19 como uma questão urgente, uma vez que a doença já tirou a vida de mais de 1.000 pessoas das mais diversas comunidades indígenas pelo país. O acampamento é realizado há 17 anos e esta é a segunda edição virtual que vai até 30 de abril. Tradicionalmente, os atos ocupam Brasília, o que não é possível no momento e enquanto durar a crise sanitária.

O Abril Indígena é uma das principais referências de mobilização popular nos tempos democráticos, reivindicando direitos garantidos na Constituição Federal de 1988. Ainda no início de 2020, o movimento iniciou o combate à agenda de morte do Governo Bolsonaro. Foi realizada uma aliança com especialistas, pesquisadores e profissionais das mais diversas áreas, mas, sobretudo, foi promovida uma volta às aldeias, às terras dos povos indígenas, para ouvir os ancestrais, discutir propostas, buscar soluções e cobrar ações para a luta pela vida em um mundo doente que enfrenta um projeto de morte.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) foi criada pelo movimento indígena no Acampamento Terra Livre (ATL) de 2005. A entidade é uma instância de referência nacional do movimento indígena no Brasil, criada de baixo pra cima. Ela aglutina organizações regionais indígenas e nasceu com o propósito de fortalecer a união e a articulação entre as diferentes regiões e organizações indígenas do país, além de mobilizar os povos e organizações indígenas contra as ameaças e agressões aos direitos desta população.

As ações dos povos indígenas em abril, no ATL, também integram o “Abril Vermelho e Indígena” que faz o enfrentamento ao agravamento da questão agrária e ambiental, reunindo movimentos sociais do campo e das florestas. O objetivo é reivindicar a defesa da vida, dos povos tradicionais, dos direitos da classe trabalhadora, da terra para todas/os, e da mudança da estrutura fundiária e da forma de produção. Esses movimentos empunham suas bandeiras e convidam toda a sociedade para a construção de estratégias na direção de outra sociabilidade.
 
Clique aqui, fique por dentro de tudo sobre o Acampamento Terra Livre e acompanhe a programação.
 
ABEPSS aliada às lutas
 
Em agosto de 2020 a ABEPSS promoveu uma discussão sobre a questão ambiental e dos povos indígenas em tempos de pandemia durante uma live. Estavam na pauta a questão ambiental, a exploração capitalista da terra, a exploração do trabalho e as medidas do governo Bolsonaro na área de meio ambiente.
 
Na ocasião, a cacique geral do povo Omágua-kambeba, do Alto Rio Solimões, Eronilde Fermin Omágua, gravou um vídeo e enviou à ABEPSS, uma vez que ela não conseguiu participar da live por questões técnicas relacionadas ao sinal de sua internet.
 
Clique aqui e assista ao vídeo da cacique.
 
Clique aqui e assista à live da ABEPSS sobre as questões dos povos indígenas.
 
O encontro foi coordenado pelo Grupo Temático de Pesquisa “Questões Agrária, Rural, Urbana e Serviço Social” com mediação do professor Matheus Thomaz da Silva, e participação da assistente social e professora da UFPE Maria das Graças e Silva, e do economista Gilberto de Souza Marques, professor da UFPA.
 
No vídeo, a líder indígena ressaltou que os povos originários vêm sendo atacados no contexto da pandemia. “As pessoas estão aproveitando a quarentena, o distanciamento social para atacar as terras. Eu falo nesse contexto do povo Omágua-kambeba, no Alto Rio Solimões. Nós sofremos muito, estamos sofrendo muito nesse período com a invasão das terras, nas nossas comunidades, com a invasão dos nossos direitos”, relata.
 
Omágua destacou, ainda, que os povos indígenas estão sendo privados de direitos, como saúde, educação e terras, e que quando as lideranças saem à luta por esses direitos básicos, são ameaçadas e muitas vezes assassinadas. “Nossa população vem sofrendo. O descaso é muito grande. Não temos mais a quem pedir socorro, a quem pedir ajuda”, desabafou.
 
Durante a live, a ABEPSS fez uma homenagem ao cacique Aritana Yawalapiti, 71, uma das maiores lideranças indígenas da região do Alto Xingu, morto no dia 5 de agosto de 2020 por complicações decorrentes da Covid-19.
 
Ainda foi feita uma homenagem a Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) que morreu no dia 8 de agosto de 2020, vítima de uma embolia pulmonar. O bispo teve a sua trajetória marcada pela defesa dos direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários.
 
Salve o Abril Vermelho e Indígena!
Salve a luta dos povos indígenas!

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